terça-feira, 27 de abril de 2010

Audicto:// Mafaro (2010)


Vou postar aqui mais um disco lançado nesse ano de 2010 em terras brasileiras, Mafaro, terceiro disco solo do André Abujamra, ex-integrante das bandas Karnak e Os mulheres negras. O disco tem os ensinamentos e as doutrinas do candomblé como tema recorrente em quase todas as faixas. Em Tem luz na cauda da flecha, um reggae rasgado que conta com a participação de Luiz Caldas (?!), ouvimos "... Eu sou a flecha de Oxossi, que voa e não cai, dá voltas no mundo meu pai...", e isso é só um exemplo. Mas não fique achando que por ter influências da religião afro nas letras, o disco é basicamente percussivo. Muito pelo contrário! O disco tem uma base instrumental maravilhosa e passeia por viagens sonoras pelos quatro cantos do mundo. Nele encontramos influências musicais na América latina, Leste europeu, Ásia, Jamaica, África e é claro, no nosso Brasil. Além de Luiz Caldas, o disco conta com as participações vocais de Zeca Baleiro, Evandro Mesquita, Xis e Curumim, tudo isso pra incrementar a salada mista musical proposta pelo paulistano multiartístico. Vale à pena destacar o naipe de sopros da banda de apoio de André, infelizmente minha ignorância e péssima apuração não permitem que eu divulgue o nome dos caras, mas é monstruoso. Aprecie sem moderação e reflita: "... o mundo de dentro da gente é maior do que o mundo de fora da gente..."

Ficha técnica:

Disco: Mafaro
Ano: 2010
De quem é: André Abujamra
De onde é: São Paulo - Brasil

01 - Origem
02 - Imaginação
03 - Lexotan
04 - A pedra tem vida
05 - Uma a uma
06 - O amor é difícil
07 - Tem luz na cauda da flecha
08 - Logun Edé
09 - Daumloudaram
10 - Abuxiscuruma
11 - Duvião
12 - Mafaro

Link para download:
http://www.4shared.com/file/a-wwLVF1/Andre_Abujamra_-_Mafaro__2010_.html

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Eclip-se:// Tatubala - Cabeça de rabo de camarão


Vou aproveitar esse espaço pra divulgar o trabalho de dois camaradas ao mesmo tempo. Paulinho de Castro e sua banda Tatubala, que está há tanto tempo na estrada que até já dividiu palco com a finada Dom Seqüela, banda que eu tive no auge de meus dezesseis aninhos. E Felipe Cataldo, poeta, louco e um ótimo diretor com suas ideias mirabolantes. Os dois gênios de minha geração, entre outros, uniram forças para conceber o vídeo clipe da música Cabeça de rabo de camarão da banda já citada. Lembro-me que Paulinho ganhou prêmio de melhor instrumentista no festival da Escola de Música Villa-Lobos defendendo essa canção, difícil vai ser lembrar o ano, mas chuto 2003.
O clipe é muito bom! Descontraído, característica dos dois personagens aqui citados, um bom roteiro e uma qualidade bem interessante. Vale a pena citar também a ótima fotografia de Igor Cabral, por mais redundante que isso seja, e a direção de arte de Bia Pimenta, Lydiane Fátima e Priscila Piantanida. Confira pelo mesmo youtube, cujo link vou colocar aqui embaixo, outros trabalhos dessas feras aqui citadas. Paulinho e sua banda têm ótimas músicas como o clássico Chá das Cinco, e Cataldo dirigiu ótimos filmes como Cascadura e Trago a pessoa amada em três dias.

Link do vídeo clipe no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=OBoMfv4N8D8

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Audicto:// Gilberto Gil (1968)


Esse não é qualquer disco do Gil, é um disco de Gilberto de Gil que conta simplesmente com OS Mutantes como banda de apoio. Além disso, é tido como pontapé inicial para o movimento da Tropicália. O disco começa com um Frevo Rasgado, e quando você ouvir vai pensar: Esse cara tá viajando, não tem nada de Os Mutantes aí... Paciência pessoa, que a partir da segunda faixa você entra numa das melhores obras já lançada em território brasileiro. Esse disco tem todas as carcterísticas da Tropicália. Muita mistura com a música regional brasileira, o Brasil como tema principal, e principalmente, a inserção de guitarras elétricas numa música que não é rock. Em Marginália II, por exemplo, Gil canta: "... minha terra tem palmeiras onde sopra o vento forte... yes nós temos bananas até pra dar e vender..." O disco também contém o clássico Domingo no parque, "... ê José... ê João...", que se transformou numa das maiores injustiças dos festivais da canção da década de 60, por não levar o prêmio em 1967, mesmo ano que Alegria alegria de Caetano também não levou. Nessa ocasião, Gil já contava com Os Mutantes fazendo base para sua bela voz. Com letras sensacionais e uma base instrumental maravilhosa, esse disco te faz redescobrir o Brasil, na companhia de um dos artistas mais completos da história da música brasileira. Aprecie sem moderação e concorde que "... o jornal de manhã chega cedo, mas não trás o que eu quero ler..."

Ficha técnica:

Disco: Gilberto Gil
Ano: 1968
De quem é: Gilberto Gil
De onde é: Salvador - Bahia - Brasil

01 - Frevo rasgado
02 - Coragem pra suportar
03 - Domingou
04 - Marginália II
05 - Pega a voga
06 - Ele falava nisso todo dia
07 - Procissão
08 - Luzia Luluza
09 - Pé de roseira
10 - Domingo no parque
11 - Barca grande
12 - A coisa mais linda que existe
13 - Questão de ordem
14 - A luta contra a lata

Link para download:
http://www.4shared.com/file/1Ac5nICF/Gilberto_Gil_-_1968.html

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Audicto:// Se o caso é chorar (1972)



Esse é o terceiro disco da carreira do artista mais renegado da Tropicália. Se o caso é chorar, é uma das grandes obras de Tom Zé. O disco na verdade foi lançado em 1972 homônimo ao artista e relançado em 1984 com o nome postado aqui. Sem o apelo do grande público da época, hoje, Tom Zé é mundialmente renomado e tem finalmente reconhecida sua real importância na música popular brasileira. O disco é harmonicamente complexo, tem letras sensacionais, além de ser muito moderno pra época. Em A Babá, por exemplo, o cantor nascido em Irará no interior da Bahia já questiona de maneira visionária: "...quem é que agora está passando dinamite na cebeça do século?" Mal sabia ele que as notícias que bombardeariam o início do século XXI, seriam relacionadas a atentados terroristas orientais no ocidente. Algumas canções desse disco como O sândalo, seriam auto plagiadas no ótimo Com defeito de fabricação de 1998, disco que fez com que Tom Zé passasse a ter uma visibilidade maior em nosso país. Será que assim como eu ao ouvir Se o caso é chorar, você notará umas das maiores fontes de inspiração de Raul Seixas? Aprecie sem moderação e "...faça suas orações uma vez por dia, depois mande a consciência junto com os lençóis pra lavanderia..."

Ficha Técnica:

Disco: Se o caso é chorar
Ano: 1972
De quem é: Tom Zé
De onde é: Irará - Bahia - Brasil

01 - Happy end
02 - Frevo
03 - A Babá
04 - Menina amanhã de manhã
05 - Dor e dor
06 - Senhor cidadão
07 - A briga do Edifício Itália com o Hilton Hotel
08 - O anfitrião
09 - O abacaxi de Irará
10 - O sândalo
11 - Se o caso é chorar
12 - Sonho colorido de um pintor

Link para download:
http://www.4shared.com/file/vIUfsoZG/Tom_Z_-_1972_-_Se_o_caso__chor.html

terça-feira, 13 de abril de 2010

Audicto:// Tim Maia (1970)


Por mais obscuro que tenha sido na época, percebo que a minha geração conhece e gosta mais de Tim Maia pela fase Racional. Mas na minha humilde opinião, o mestre é muito mais do que "Leia o livro". Por isso, resolvi postar alguns discos de Tim aqui no blog. E vou começar pelo princípio. Tim Maia, primeiro disco do mestre tijucano de 1970. Nesse disco, o carismático gorducho, no auge de sua potência vocal, apresenta ao Brasil toda sua influência na música negra norte americana. O disco é bem mesclado entre músicas dançantes como Jurema e Cristina e baladas românticas como os clássicos Primavera e Azul da cor do mar. Além de iniciar com o forró-soul Coroné Antônio Bento, no estilo que consagraria Tim Maia pela fusão altamente original, jamais ousada por uma mente musical comum. Se deseja mais informações sobre o disco ou sobre Tim, leia Vale tudo de Nelson Mota, vale muito a pena. Aprecie sem moderação, e perceba que "...na vida a gente tem que entender, que um nasce pra sofrer, enquanto o outro ri..." Depois é só soltar "Risos, risos, risos pra festejar..."

Ficha técnica:

Disco: Tim Maia
Ano: 1970
De quem é: Tim Maia
De onde é: Rio de Janeiro - Brasil

01 - Coroné Antônio Bento
02 - Cristina
03 - Jurema
04 - Padre Cícero
05 - Flamengo
06 - Você fingiu
07 - Eu amo você
08 - Primavera
09 - Risos
10 - Azul da cor do mar
11 - Cristina (reprise)
12 - Tributo a Booker Pitman

Link para download:
http://www.4shared.com/file/-V9oR1hx/Tim_Maia__1970_.html

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Audicto:// Eu menti pra você (2010)


Finalmente vou postar aqui no blog um disco de fato lançado nesse ano de 2010. E o eleito é esse: Eu menti pra você, primeiro disco solo da cantora Karina Buhr, mais conhecida como a voz principal do grupo feminino Comadre Fulozinha e como cantora de apoio dos discos da banda Eddie. Mas o disco está longe do classicismo regional e percussivo das Comadres, pelo contrário, o disco é bem moderno. Nas faixas, Avião aeroporto, O pé e Telekphonen, por exemplo, notamos essa modernidade que lembra bastante o grupo franco inglês Stereolab. O disco encerra com a ótima Plástico bolha, um reggae/ska delicioso onde a cantora baiana, criada em Pernambuco e radicada em São Paulo confessa: "Hoje eu não afim de corre-corre e confusão, eu quero passar a tarde estourando plástico bolha...". A falta de qualidade vocal da cantora é compensada por belas linhas melódicas e harmônicas e por ótimas letras. E Karina ainda está muito bem acompanhada por músicos como Edgard Scandurra (ex-Ira!) e Catatau (Cidadão Instigado), por exemplo. Aprecie sem moderação e questione-se: "Se você tiver que escolher entre você e seu amor, você escolhe quem?"

Ficha Técnica

Disco: Eu menti pra você
Ano: 2010
De quem é: Karina Buhr
De onde é: Olinda/São Paulo - Brasil
Lembra: Stereolab, Céu, Mombojó...

01 - Eu menti pra você
02 - Vira pó
03 - Avião aeroporto
04 - Nassira e Najaf
05 - O pé
06 - Ciranda do incentivo
07 - Telekphonen
08 - Mira ira
09 - Soldat
10 - Esperança cansa
11 - Solo de água fervente
12 - Bem vindas
13 - Plástico bolha

Link para download:

http://www.4shared.com/file/256781475/7cc86540/Karina_Buhr_-_Eu_menti_pra_voc.html

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Poeticagem:// Poesia Cênica - Roteiros (in) versos

Hoje faz um mês que eu coloquei meu blog no ar. E há exatamente quatro anos atrás, eu folheava com muito entusiasmo a primeira tiragem do meu livreto de poemas. Poesia cênica - Roteiros (in)versos. Essa primeira edição foi produzida, não só em forma material, mas também financeiramente por meu antigo companheiro de Cataversos (grupo de performance poética do qual eu fazia parte) Alex Topini. Na época, e durante todo ano de 2006, era desse livreto que eu vivia. Vendia principalmente na porta do CCBB e em eventos relacionados a arte, como por exemplo a FLIP, que proporcionou um dos melhores momentos de minha vida, além do maior lucro em cima dos livretos feitos na base da xerox em papel reciclado. Dos poemas contidos no livreto, dois viraram letra de música da Transversal (minha banda). Aquela velha história sobre não saber quem sou, virou a visceral Pisando em ratos, e Previsão tornou-se a canção Mais um dia. Além do poema Onipresença que virou base para o curta mudo e preto e branco que dirigi, No vale da sombra da morte espero a ajuda de Deus. Pra comemorar vou postar aqui um dos nove poemas que compunham o livreto:

Trava-língua

O rei roeu o rabo do rato
preso por desacato
a falta de autoridade
que impera no reino.

O rato farto do descaso
imposto no decreto
por falta de escolha
entregou-se ao acaso.

E na espera do próximo ato
o rato descrente
na falta de aviso
enlouquece de fato.

O rei roeu o rabo do rato.